domingo, 10 de abril de 2011

Vou iniciar a quimioterapia, como deve ser a minha alimentação? Por que devo me alimentar bem durante o tratamento? Existem alimentos que devo evitar?

As drogas quimioterápicas poderão provocar efeitos colaterais que muitas vezes influenciam diretamente na sua ingestão alimentar. Uma alimentação equilibrada faz parte do processo de recuperação de qualquer pessoa doente.
Bem nutrido o corpo reage melhor às medicações, ganha energia para enfrentar as terapias e é capaz de driblar eventuais infecções que possam aparecer, além de minimizar a perda de peso e favorecer a recuperação do estado geral.
Não existem proibições quanto à alimentação durante o tratamento de quimioterapia. Se você não estiver apresentando nenhum efeito colateral (diarreia, intestino preso, náuseas e vómitos, perda de apetite, alteração de paladar, mucosite, leucopenia, plaquetopenia), a sua alimentação deve ser de consistência normal, de acordo com sua aceitação, fraccionada (cinco a seis refeições/dia), variando ao máximo os componentes do cardápio, para evitar monotonia alimentar; o importante é não deixar de se alimentar.
A ingestão de líquidos (água, sucos, água de coco, sopas etc.) deverá ser de no mínimo 1,5 a 3 litros por dia, para que haja eliminação da parte tóxica do medicamento. Durante o tratamento a ingestão de bebidas alcoólicas não é aconselhada. Alimentar-se bem não significa comer muito, e sim, consumir alimentos que ofereçam os diversos nutrientes de que um organismo precisa para estar equilibrado.
Caso você apresente algum efeito colateral em decorrência do tratamento, a sua alimentação deverá sofrer modificações de acordo com cada efeito colateral. À medida que os dias vão passando os efeitos colaterais melhoram; os primeiros dias são os piores. Se os efeitos colaterais persistirem por mais tempo, converse com o médico para ajustar a medicação necessária. Com certeza existem formas de driblar esse problema, o importante é não deixar de se alimentar e de se hidratar mesmo que seja pouco.

Será que eu preciso ingerir um suplemento nutricional?

A suplementação nutricional via oral para pacientes em tratamento oncológico, já pode ser iniciada quando o paciente encontra-se em desnutrição, ou se a ingestão via oral está diminuída por mais de sete dias, e pode ser mantida durante todo o tratamento. Existem diversos suplementos nutricionais orais. Converse com seu médico ou nutricionista para saber qual o melhor suplemento nutricional para o seu caso.

Existe alguma dieta para ajudar a melhorar a anemia, leucopenia e a plaquetopenia durante a quimioterapia?

As células da medula óssea são bastante sensíveis à agressão causada pelos agentes quimioterápicos. Como conseqüência, os glóbulos brancos (leucócitos) e vermelhos (hemácias), assim como as plaquetas podem ter suas produções comprometidas, determinando queda em suas contagens no sangue. Até o momento não existe nenhum alimento específico que aumente a quantidade de células do sangue.
O que você deve fazer é se alimentar de forma variada em qualidade e quantidade, pois uma alimentação adequada ajuda o organismo a combater a doença e a melhorar a resposta imunológica.

Quando você apresentar anemia férrica (carência de ferro), alguns cuidados especiais devem ser tomados:
procure ingerir no almoço e jantar alimentos ricos em ferro, tais como: carnes, frango, fígado e peixe, verduras de folha verde-escura (couve, agrião, brócolis, etc.), e leguminosas (lentilha, feijão, ervilha, grão de bico); não consuma leite, chá, café e refrigerante junto com o almoço e jantar.
Estes alimentos dificultam a absorção do ferro pelo organismo. Manter um intervalo de pelo menos 1 hora, entre as refeições e o consumo destas bebidas; consuma alimentos fontes de vitamina C (laranja, acerola, caju, limão) com as refeições (a vitamina C ajuda a absorção do ferro no organismo); procure no mercado alimentos enriquecidos com ferro como: biscoitos e leites.
Quando você apresentar leucopenia, alguns cuidados especiais devem ser tomados: Evite locais aglomerados e contacto com pessoas portadoras de doenças infecto-contagiosas; Realize higiene corporal adequada com banhos diários; Procure lavar-se após as evacuações; Não coloque supositórios nem realize lavagens intestinais; Evite a remoção de cutícula; Em caso de febre (temperatura maior que 37,8 ºC), deve-se comunicar imediatamente a equipe médica;
Alimente-se adequadamente de acordo com as orientações anteriormente citadas, escolhendo alimentos de maior valor nutritivo, saudáveis e rigorosamente higienizados antes do consumo; Alimentos crus devem ser consumidos somente quando higienizados correctamente; Quando necessitar fazer as refeições fora de sua residência (bares, lanchonetes, restaurantes), procure não consumir alimentos crus e fique atento aos cuidados de higiene desses locais.
Como higienizar correctamente frutas, legumes e verduras? Seleccione legumes, verduras e frutas frescas; Retire as partes estragadas ou amassadas; Lave em água corrente individualmente; Coloque em imersão em solução desinfetante.
Quando você apresentar plaquetopenia, alguns cuidados especiais devem ser tomados: Evite o uso de lâminas de barbear (se possível, use barbeador elétrico), alicates de cutícula e outros objetos cortantes; Não use fio dental ou escova de dente com cerdas duras; Evite alimentos duros e crocantes; Comunique a equipe médica caso apresente sangramento intestinal, urinário, gengival ou nasal, aparecimento de hematomas e petéquias (pontinhos avermelhados na pele). É importante ressaltar que a “super alimentação”, isto é, comer exageradamente, somente aumentará seu peso e NÃO irá melhorar seu exame de sangue para sua próxima quimioterapia

Preciso tomar algum suplemento de vitaminas e minerais durante a quimioterapia?

O alimento é a melhor fonte de vitaminas e minerais. Durante os estados de doença a ingestão de vitaminas e minerais pode não estar adequada, assim a ingestão de um suplemento pode ser necessário.
A suplementação não deve ultrapassar os valores diários recomendados pelas tabelas de referências (RDA). Atualmente o uso de altas doses de antioxidantes, e até a suplementação durante os tratamentos de radioterapia e quimioterapia são muito controversos.
Muitos suplementos contêm altas doses de antioxidantes como vitamina C e E, que ultrapassam as recomendações estabelecidas pelas tabelas de referências. Raramente uma alimentação normal requer suplementação de vitaminas e minerais. A deficiência ocorrerá naquele paciente sem habilidade de manter ingestão oral adequada ou com incapacidade absortiva do trato gastrointestinal.
Os tratamentos oncológicos resultam numa diminuição da ingestão oral devido a náuseas, vômitos, alteração do paladar, diarréia, mucosite, etc. Os pacientes devem ser encorajados a consumir alimentos saudáveis, como proteínas, grãos, incluindo uma variedade de frutas, legumes e verduras, a fim de melhorar a ingestão de todos os nutrientes.

Qual o tipo de alimentação adequada para pacientes com câncer no estômago?

A perda de peso é um dos principais efeitos colaterais para os pacientes com câncer gástrico que passam por cirurgias de ressecção do estômago. No pré-operatório a alimentação pode se tornar inadequada pela dificuldade de digestão e obstrução do tumor, sensação de plenitude gástrica, vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistente.
Nesta fase, no qual o tratamento ainda não começou, é muito comum que a alimentação esteja comprometida, e vai depender de qual consistência o paciente consegue aceitar.
Em geral uma dieta líquida ou pastosa possui uma melhor tolerância. Procure oferecer uma alimentação bem fraccionada em pequenos volumes, e utilizar um suplemento nutricional oral caso as necessidades nutricionais diárias não sejam atingidas.
Após a cirurgia, a alimentação de forma geral vai evoluindo gradativamente até a consistência normal; deve ser fraccionada de 6 a 8 refeições ao dia em pequenos volumes; deve-se comer devagar e mastigar bem os alimentos; não ingerir líquidos com as principais refeições; evitar no início os alimentos que causem desconforto (fermentecíveis, açúcar em excesso e leite em alguns casos). As orientações são sempre individualizadas, levando-se em consideração as intolerâncias alimentares e as adaptações de cada paciente.
A introdução de um suplemento nutricional também deve ser considerada a partir do momento em que a introdução da alimentação via oral não atingir suas necessidades diárias e o paciente apresentar dificuldade em manter o peso. O acompanhamento nutricional regular é fundamental para evitar ou agravar a desnutrição destes pacientes.
Os sinais e sintomas relacionados ao estado nutricional mais comumente observados em pacientes gastrectomizados são: anorexia, diarréia, síndrome de dumping, perda de peso, anemia e desnutrição energético-protéica. Os pacientes submetidos a gastrectomias necessitam de um acompanhamento nutricional em nível ambulatorial até a estabilização do estado nutricional. Se estiver perdendo peso, procure um nutricionista e avise o seu médico. Síndrome de dumping é uma complicação possível quando se faz uma gastrectomia, e caracteriza-se por uma rápida passagem do concentrado alimentar do estômago para o intestino.
Os sintomas e sinais mais freqüentes são: fraqueza, tontura, palidez, cólicas abdominais, náusea, palpitações, calafrios, sudorese, síncope e diarreia.

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